Palestra no AMBESP da Zona Noroeste aponta importância do diagnóstico precoce da criança com autismo 

Quanto mais cedo é feito o diagnóstico de uma criança com transtorno do espectro do autismo (TEA), melhor será seu tratamento e mais ela estará integrada com outras crianças, aperfeiçoando seu desenvolvimento físico e intelectual. Esse foi um dos recados passados pela neurologista Márcia Cascardi na palestra sobre autismo, realizada na manhã desta quarta-feira (13), para pacientes e funcionários do Ambulatório de Especialidades Médicas (Ambesp) da Zona Noroeste de Santos, dentro das atividades do Abril Azul, Mês de Conscientização sobre o Autismo.

Segundo a especialista, que trabalha no próprio local há dez anos, é possível detectar o autismo em crianças até mesmo antes dos dois anos de idade. Entre os primeiros sinais estão a não resposta a um chamado ou aceno e dificuldades na fala. “Muitos pais confundem os primeiros sinais com surdez, embora a criança reaja a estímulos sonoros como o barulho de uma moto passando na rua ou à queima de fogos”.

A pouca interação com outras crianças da mesma idade também é outro sinal, explica Márcia Cascardi. Conforme a neurologista, a primeira identificação de autismo é feita por um pediatra, que acaba encaminhando a criança para um especialista.

O diagnóstico de autismo é sugerido pelo teste M-Chat, reconhecido no Brasil há mais de 20 anos, e feito através de análises clínica e comportamental por neuropediatra em conjunto com uma equipe multidisciplinar.

A especialista relata um problema comum que tem atrasado o início do tratamento de crianças com autismo: um dos pais negar essa condição do filho e, dessa forma, postergar o início das estimulações. “São aquelas conversas do tipo: não precisa levar ao médico porque eu também demorei para começar a falar, entre outras”. Atitudes como essa prejudicam o desenvolvimento da criança com autismo. “Quanto mais cedo ela receber os estímulos, melhor vai se desenvolver”.

Outra recomendação dada por Márcia Cascardi é não deixar a criança com autismo “em uma bolha”. “A inclusão na escola é fundamental e benéfica para todos, cria mais empatia em todas as crianças. Deve-se evitar a ideia que a criança com autismo não pode fazer tarefas como tomar banho sozinha, entre outras”.

A identificação precoce do autismo ajuda também a reverter uma característica comum em quem tem TEA: seletividade na alimentação. Márcia explica que devido à textura de alguns alimentos, muitas crianças com autismo passam a comer apenas um tipo de refeição, prejudicando seu desenvolvimento. “Tem criança, por exemplo, que só come arroz com ovo. Por essa restrição de cardápio, algumas acabam não ficando em tempo integral nas creches. Dá para reverter isso em vários graus”.

A assistência a pessoas com TEA é feita na rede pública municipal, desde o Departamento de Atenção Básica, onde nas policlínicas os casos leves e moderados são acompanhados, até outros setores, conforme a necessidade de cada caso. 

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Foto: Divulgação

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