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Pelé é eterno por marcas pessoais e magia que encanta multidões

Por mais que os fãs tentassem se preparar para o inevitável desfecho, a triste notícia foi anunciada na tarde desta sexta-feira (29). Após um exatamente um mês internado no Hospital Alberto Einstein, Edison Arantes do Nascimento faleceu em decorrência de falência múltipla dos órgãos.

O prefeito Rogério Santos decretou luto oficial de sete dias e, assim que a morte foi confirmada, fãs já se reuniram ao redor da Vila Belmiro, onde deve acontecer uma grande homenagem ao Eterno Rei do Futebol.

O estado de saúde de Edson Arantes do Nascimento vinha se agravando desde setembro de 2021, quando foi submetido a uma cirurgia para retirada de um tumor no cólon. A situação clínica piorou em janeiro de 2022, quando foi diagnosticado câncer metastático, ou seja, generalizado. O tumor primário no intestino se expandiu para outros órgãos do corpo, como o fígado e o pulmão.

Edson Arantes do Nascimento estava internado no Hospital Albert Einstein desde 29 de novembro. Sua família assegurava que seu estado era bom e que ele se encontrava em recuperação, mas dois veículos de comunicação (ESPN e Folha de S. Paulo) apuraram que o tratamento quimioterápico não apresentava mais respostas e o paciente estaria recebendo cuidados paliativos, isto é, procedimentos para evitar sofrimento mas sem capacidade de reverter a situação.

Uma vida de vitórias, títulos e recordes

Não são apenas os recordes pessoais e conquistas dentro das quatro linhas que explicam a grandeza de Pelé, o Rei do Futebol. O carisma, alegria e simpatia encantam o mundo há décadas. Por onde passa, Edson Arantes do Nascimento cativa multidões, diverte e inspira.

As marcas de Pelé dentro das quatro linhas são extraordinárias. Em 1363 jogos, fez, documentados, 1283 gols — embora a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS) considere apenas 765 gols, desprezando amistosos e partidas do campeonato paulista.

Foi três vezes campão mundial (1958, 1962 e 1970), bicampeão mundial de Clubes (pelo Santos FC, em 1962 e 1963), maior goleador da história da Seleção Brasileira (77 gols em 92 jogos). Mas a magia do futebol de Pelé não está nos resultados, mas na maneira como ele os obtém. O poeta Carlos Drummond de Andrade resumiu: “O difícil, o extraordinário, não é fazer mil gols, como Pelé. É fazer um gol como Pelé”.

Pelé foi autor de jogadas memoráveis, mesmo as que não resultaram em gol. Dribles, chutes (com os dois pés), cabeceios, passes… A força, velocidade, elegância, criatividade ficaram eternamente gravadas nas retinas e mentes de milhões de pessoas que acompanharam seus feitos, seja pessoalmente nos estádios, pelos aparelhos de TV ou, mais recentemente, nos vídeos da internet.

Pelé inspirou diversos outros jogadores de futebol. Foi com ele que se criou a magia da Camisa 10, que tornou-se símbolo de melhor jogador do time.

Pelé esteve em sua escolinha de futebol, em Santos, nesta quinta-feira para comemorar um ano de fundação do local.

Ídolo das celebridades

O carisma de Pelé fez com que ele se tornasse uma das personalidades mais famosas de toda a história da humanidade. Reverenciado por reis e rainhas, presidentes, líderes religiosos e magnatas, a maior Majestade de Futebol cativou a praticamente todos por onde passou —a ponto de até mesmo interromper uma guerra.

Em 1969, a Nigéria sofria com um sangrento conflito interno. O prefeito da cidade de Benin fez um apelo para que as duas facções interrompessem os confrontos para a realização de uma partida entre o Santos FC e o time local. Então, ocorreu uma trégua de três dias e o jogo foi realizado, em 4 de fevereiro daquele ano.

Pelé foi um embaixador do futebol pelo mundo. Viajou por dezenas de países, levando seu carisma — não à toa, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) tem hoje mais países afiliados (211) do que a Organização das Nações Unidas (ONU), que possui 193.

Sua desenvoltura e simpatia permitiram que brilhasse também em diversos filmes publicitários e do cinema.

Polêmicas fora de campo

Ao longo de sua trajetória, Pelé foi criticado por algumas de suas posturas fora de campo. As queixas mais recorrentes se referem a um suposto apoio à ditadura militar brasileira (1964-1985) e omissão do Rei de Futebol no enfrentamento do racismo.

São temas complexos, repletos de aspectos, que permitam as mais variadas interpretações.

Outro ponto polêmico, este da vida pessoal de Pelé, é sua relação com Sandra Arantes do Nascimento, que precisou recorrer à Justiça o direito de ser reconhecida como filha do Rei do Futebol.

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