O bairro do Jabaquara, em Santos, comemora nesta quarta-feira, 10 de agosto, 117 anos de história, sendo um dos baluartes da liberdade em Santos, tão em evidência no ano em que se comemoram os 200 anos de Independência do Brasil.
O local representa claramente o lema de Santos, grafado na bandeira da Cidade: “À Pátria, Ensinei a Caridade e a Liberdade”. Isso porque nele existia um dos mais proeminentes marcos da luta antiescravagista do País, o Quilombo do Jabaquara, que dá nome ao pacato bairro, dominado pelas casas e pequenos prédios, além de abrigar o Estádio Ulrico Mursa, a sede dos clubes Portuários e Portuguesa Santista, do Centro de Treinamento do Santos FC e da Santa Casa de Misericórdia.
O nome Jabaquara é originário do idioma Tupi com o significado de “corredor ligeiro”, referência ao pequeno Rio Jabaquara, que passava pelo local. Em pouco tempo, a palavra passou a ser sinônimo de refúgio e esconderijo. Isso porque se formou ali o Quilombo do Jabaquara, mais especificamente atrás da atual Santa Casa, até a encosta do morro, se estendendo entre o Túnel Rubens Ferreira Martins e a subida do Morro da Nova Cintra.
Foi um dos maiores quilombos do Brasil, onde abrigou cerca de 10 mil escravos fugitivos. Sua origem remonta a 1882 (140 anos), por iniciativa dos abolicionistas da elite santista Américo Martins e Xavier Pinheiro. Mas foi marcado principalmente pela liderança de Quintino de Lacerda, um negro alforriado, que depois viria a se tornar vereador (após a proclamação da República).
Lacerda foi um dos grandes nomes da história do bairro e da Cidade. De maneira heroica, arrebanhava os fugitivos, os recebia na comunidade e expulsava os capitães-do-mato que os perseguiam. Tamanha luta e união dos negros em prol da liberdade fez com que o poeta Castro Alves chamasse o local de: Canaã dos Cativos (referência bíblica à terra prometida por Deus ao seu povo).